Eu tinha 21 anos e nunca tinha viajado para fora do país. Tinha começado a estudar inglês e o meu sonho era conhecer os Estados Unidos.
O ano era 1977, não lembro mais exatamente o mês, talvez fevereiro ou março. Mas naquela tarde, especificamente, a minha ansiedade era tanta que eu não cabia mais em mim. Aquele era o dia em que eu iria saber se tinha ganhado ou não o concurso da escola de inglês, em que o prêmio era uma viagem nada mais, nada menos que para New York, Boston, Washington nos Estados Unidos e Montreal e Quebec no Canadá.
Você consegue imaginar o que foi isso para uma jovem de 21 anos que trabalhava desde os 16 para ajudar no sustento da família e que o único lazer era estudar porque sabia que precisava disto para ser alguém na vida?
Sim esta era a minha crença. E a única coisa que eu queria naquele dia é que o telefone tocasse, afastada no máximo a dois passos dele esperando pelo trim. Perto de 18 horas o telefone tocou. O coração acelerou, minhas pernas tremeram, meu alô nem saía, porque aquela ligação tinha sido prometida e através dela seria anunciado o resultado do concurso que eu tinha feito.
Quando do outro lado a secretária da escola falou, você ganhou! Eu quase morri. Comecei a chorar copiosamente como se o céu estivesse bradando sinos, em comemoração àquela conquista! Minha alegria salgada escorria pelo meu rosto e eu quase não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
Eu sabia que eu tinha ido bem, mas no fundo ganhar o primeiro lugar de um concurso, cujo prêmio era uma viagem ao exterior, em época de depósito compulsório de viagem no Brasil, era demais pro meu coração.
Acho que chorei por uns 30 minutos sem parar. Eu estava desempregada na época e nada me impediria de viver aquela experiência. Reservei um dinheiro de subsistência para a volta e reuni o que pude para gastar com minhas despesas pessoais. Porque o resto… hotel, transporte, avião, tudo seria pago pela escola.
No avião só não digo que parecia uma caipira porque eu já era bem chique nesta época. Como secretária executiva sabia me portar como primeira-dama em qualquer lugar.
Agora imagina você, a criatura aqui entrando no Hotel Waldorf Astoria de Nova York em semana de convenção de modelos internacionais. Gente! Por mais que eu estivesse preparada, aquilo era coisa de cinema para mim.
Durante 15 dias permaneci com a escola, fizemos as aulas de intercâmbio em Nova York e depois fomos passear. Fomos para Montreal e Quebec no Canadá.
Lembro até hoje das estações de metrô em Montreal todas limpas e com as entradas dos prédios já saindo direto do subterrâneo do Metrô para os andares de escritórios, por conta do inverno rigoroso que tem por lá. Ainda bem que quando fui era verão e um casaquinho de frio leve à noite, bastava.
Amei Quebec porque nas ruas tinham postes de luz enfeitados com vasinhos de flores coloridas. Coisa mais linda de se ver. Só que lá meu inglês não adiantava muito, porque eles preferiam falar francês, que não falo. Uma vez tentei aprender, mas não rolou. Não gostei.
Passados 15 dias, estávamos em Washington e de lá o pessoal da escola voltou para o Brasil e eu desci no JFK. Eu tinha uma amiga secretária que estava trabalhando como “cleaner” numa academia chique de Nova York. Como ela morava no Bronx, eu fui pra lá depois que deixei o Waldorf Astoria. Ó dura realidade.
Levei mais tempo para chegar ao Bronx do que levei para ir de Washington ao JFK. E atente para o detalhe: S O Z I N H A com 21 anos vivendo uma experiência memorável de medo ao sair daquele metro vazio, em que eu não achava a saída porque a linha que saía do JFK era outra e estava tudo diferente do que eu tinha treinado fazer com minha amiga.
Eu perguntava como saía dali para a moça do guichê e ela fazia de conta que não me entendia. E eu suava de medo. Já estava quase entrando em desespero quando um rapaz preto de quase 2 metros de altura me pergunta se podia me ajudar. Naquela hora eu não sabia se dizia sim ou não. Mas eu pensei ou sigo ele, ou surto aqui. Ele foi andando à frente e eu atrás. Até que a rua surgiu. Já era noite e o ônibus que eu tinha que pegar pra casa da minha amiga acabava de sair do ponto. Pensa?
Daí pensei, o negócio é pegar um taxi. Logo apareceu um. Entrei falei o endereço e o taxista começou a puxar conversa. … Ah é muito tarde para uma moça bonita como você estar sozinha por aqui… ããããã… Nem vem que você não vai me pegar com este papo, pensei. Estava ligadíssima na rua para não deixar passar o local onde iria descer… E não é que ele se fez de tonto e ia passando…? Daí gritei… Stop here, here! E enfim ele parou, eu desci e quando cheguei na casa da minha amiga dei um suspiro de alívio tão grande que você nem pode imaginar.
Sim! Esta foi a minha primeira sensação de liberdade na vida. A primeira vez em que me senti, de fato, dona e responsável por mim mesma. E apesar do medo terrível pelo qual passei, a sensação de liberdade que senti não tem como descrever!
Anota aí os trânsitos estavam no meu céu durante este acontecimento: Lua progredida em sextil (harmonia) com Mercúrio regente de casa 3 (cursos rápidos) e Lua em sextil com Júpiter regente de casa 9 (o estrangeiro), de quebra uma Lua progredida em sextil com Saturno, trazendo a oportunidade de trabalho que pintou logo que voltei, regados ao trânsito de Netuno sextil Vênus, regente de casa 4 (família) que na verdade influi na 10 (carreira).
Não é incrível constatarmos como o céu nos conta tudo sobre as experiências que podemos escolher para viver?
E agora me deixa um comentário aqui no blog, quando foi a primeira vez que você se sentiu realmente livre na sua vida? Com todos os ônus e bônus do que seja liberdade para você?
Ficarei feliz de saber!
Com carinho ? Maria
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