No caminho do crescimento humano enfrentamos vários pontos de parada, que podemos chamar de pontos de mudança dos ciclos evolutivos. Alguns deles podem ser obscuros e enigmáticos, com grande poder de nos levar aos domínios mais profundos do nosso inconsciente em busca da luz que ilumine a continuidade do caminho. Quando passo por eles, sempre me faço a pergunta: O que eu aprendi com a experiência desta fase?
E comumente descubro que mais uma vez aprendi que a vida é plena de possibilidades! Que o poder da criação me torna capaz de construir qualquer cenário, do mais simples ao mais complexo, capaz de absorver as minhas múltiplas faces divinamente projetadas para fora de mim. Palco para minha alma reconhecer e corrigir equívocos de seu passado inconsciente, transformar pensamentos e seguir adiante em seu processo de evolução.
Que para mudar o curso é preciso sair da cena, olhar de fora, deixar de ser um fantoche do ego e desapegar do controle, da ilusão de apontar culpados, de se fazer de vítima, de criar doença como ataque de nervos por pura incompetência de lidar com a raiva negada pela tristeza e a vergonha de uma mente culpada.
Que desapego tem hora certa. Que ninguém nasce ou morre antes do tempo, que a consciência só desperta quando decide entregar o comando do barco para o dono do tempo e permitir que acima de tudo a sabedoria divina decida por ela no momento do desespero.
Sim, a seleção dos personagens feita pelo nosso ego é sempre perfeita. Cada um deles com qualidades e defeitos muito bem representativos da alma inconsciente. A mãe gentil, a executiva autoritária arrogante e dissimulada, a Maria vai com as outras porque quer ser incluída no time, a vítima ocultada de guerreira e como não poderia deixar de ser o mestre protagonista! Cenário pronto e papéis decorados, os vários atos se iniciam. Tudo perfeitamente engendrado pelo grande transformador do espírito.
E a alma ingênua segue então atuando, recitando sua parte, repetindo as falas de suas projeções, perdida no palco que criou, verdadeira epopeia em que cada personagem permanece fiel a ela, divinamente orquestrada pelo protagonista, mestre e grande rei, até a chegada aos infernos que a levará à morte. Morre!
Em seu despertar depois da morte a pequena alma se vê em seu novo mundo. No meio das cinzas do que lhe restou, encontra a sua luz refletida por um pequeno diamante, e descobre sua própria imagem renascida.
Do seu mergulho ao infinito do seu ser ela volta e sorri quando sente o amor que a envolve e lhe permite reconhecer que tudo não passava de uma grande ilusão. Sua luz nunca apagou, ela só tinha esquecido de ascende-la.
E juntos, amor e perdão fazem o final feliz da história do resgate de uma alma perdida no palco das ilusões.
Quando estiver em um destes pontos de parada, lembre-se disto!