Às vezes me questiono sobre a melhor forma de ajudar uma pessoa para não tirar dela a autonomia e a responsabilidade de ser feliz e realizada, caminhando com suas próprias pernas.
Lembro-me que durante a minha formação em Psicologia Transpessoal tivemos uma leitura de texto obrigatória cujo título é: “Fazer Não Fazendo”.
Nossa maior atribuição ao acompanhar nossos parceiros de respiração holotrópica era unicamente a de estar ali, presente para a outra pessoa, acompanhá-la à distância em todos os seus movimentos e protegê-la para que não se machucasse fisicamente, caso entrasse em algum estado de consciência que lhe trouxesse muita dor para ser liberada.
Refletindo sobre os meus atendimentos e relacionamentos de família, vejo que muitas vezes a melhor atitude é esta: fazer não fazendo.
Como terapeutas, ou pais e mães preocupadas com a educação de seus filhos, ou amigo aconselhando alguém que peça ajuda, é importantíssimo lembrar que não devemos fazer pelo outro o que ele tem que fazer por si mesmo.
Não podemos cair no jogo da sedução do ego que ativa a ideia de que temos algum controle sobre o que o outro vai decidir sobre sua própria vida. E pior é achar que podemos fazer alguma coisa sobre isso.
É ilusão pensar que com o nosso conhecimento, técnicas e ferramentas seremos capazes de modificar as escolhas que nossos clientes e entes queridos possam fazer por si mesmos. Todo o aprendizado da vida está direcionado a ajudar um único sujeito: Eu!
Enquanto pensava sobre alguns casos específicos que de alguma forma me desafiaram a desapegar deste controle, compreendi que a nossa maior dificuldade é verdadeiramente esta: fazer não fazendo.
Sempre que pensarmos que podemos fazer alguma coisa por alguém que notoriamente está em sofrimento, perdido ou sem direção; temos que lembrar que cabe a nós ensinar para esta pessoa a perspectiva do morcego. Se a vida está de cabeça pra baixo, talvez ajudá-la a mudar o ângulo para o qual esteja olhando, possa trazer uma nova visão sobre o problema.
Diante da impotência de olhar para uma pessoa sem nada poder fazer por ela; é preciso “fazer não fazendo”, cuidando para manter o coração em paz até quando ela esteja disposta a sair do seu inferno pessoal e perceber você com uma vela na mão para que ela acenda a dela. Pois só então, ela será capaz de compreender o seu real esforço em tentar ajudá-la.
Faça tudo o que puder por uma pessoa, apenas não faça o que ela espera que você faça, se isto for mantê-la presa no labirinto do medo de viver com suas próprias forças.
Neste caso, apenas envolva-a no seu amor.